Conheça o belíssimo Castelinho Caracol em Canela, um museu e casa de chá que serve o melhor strüdel da Serra Gaúcha.
Nem só de Gramado vive a Serra Gaúcha. A beleza e o resultado dos esforços de colonos italianos e alemães pode ser apreciada em diversas outras cidades da região. E Canela é um bom exemplo. Uma cidade linda, tranquila e simpática – talvez não tenha o mesmo ‘glamour’ que tornou Gramado famosa, mas oferece suas próprias atrações e encantos únicos aos visitantes, especialmente no que se refere a parques e ecoturismo. Canela também abriga o local que, de toda a Serra Gaúcha, desponta como um dos meus favoritos: o Castelinho Caracol.
Construído entre 1913 e 1915, o Castelinho Caracol é uma encantadora casa feita de madeira araucária – importante destacar que ela foi erguida sem um único prego. Originalmente residência do casal Pedro e Luiza Franzen, descendentes de imigrantes alemães, ela foi transformada, em 1985, em museu e casa de chá, preservando cômodos, móveis e utensílios originais. O lugar já serviu de locação para novelas como Chocolate com Pimenta e A Vida da Gente.
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Ainda lembro da primeira vez em que visitamos o Castelinho. Foi uma experiência mágica. A manhã nos brindava com um frio agradável, revigorante e com um céu azul anil intenso e sem nuvens; e a colorida arquitetura alemã da casa contrastando com a região cercada pelo verde vivo da mata nativa conferia à paisagem ares etéreos, nos remetendo a épocas de conto de fadas. É lugar tão mágico que não consigo lembrar sem aperto no coração e nó na garganta de saudade.
E aqui vai uma dica: Ao visitar o Castelinho Caracol, permita-se alguns momentos de contemplação antes de entrar. Não vá com pressa. Se você, como eu, ama história e belas paisagens, desejará aproveitar cada segundo.
Gaste um tempinho observando a casa e perambule pela propriedade, o cenário é incrível. Caminhe pelo galpão e pelas casinhas menores para se perder no tempo.
Para finalizar o conto de fadas, desça para trás do Castelinho e surpreenda-se com a paisagem, onde um tranquilo riacho corta a propriedade e antigas taipas (os murinhos de pedra) riscam o cenário, desaparecendo ao longe junto com sua imaginação.
Ao entrar, já hipnotizado pelo exterior, tive mais dois choques. O primeiro foi o forte aroma do famoso apfelstrudel da casa, que impregna os cômodos e evoca sensações e lembranças que você nem sabe se são suas.
O segundo foi a música alemã ambiente, animada e alegre, que faz a mente saltar para alguma região dos alpes austríacos na década de 1930. Parecia que Julie Andrews apareceria a qualquer momento em uma das janelas cantando “The Hills are Alive“. Difícil descrever a sensação, é como se estivéssemos em outra realidade. E deliciei-me ao ouvir a Kalinka em alemão (só conhecia a tradicional russa).
Lá dentro, ande e encante-se com os cômodos — destaque para a belíssima sala de jantar com mesa giratória. No andar de cima você visita os quartos e tem uma visão espetacular da região. Atenção: Fotos são permitidas, mas sem flashes, OK?
Imprescindível: Volte ao andar térreo e siga o perfume do strudel até as mesas. Se o aroma é espetacular, o sabor é divino. Você provará ótimos apfelstrudels na Serra Gaúcha, mas não poderá dizer que provou “O” strudel sem ter ido ao Castelinho. A tradicional e secreta receita alemã faz jus à fama. Ele é servido em duas versões: com sorvete de creme ou nata. Peça com nata! E não esqueça do chá de maçã.
Importante ressaltar que o Castelinho, por ser também um museu e não apenas casa de chá, cobra entrada dos visitantes — no site oficial o valor está indicando R$ 16 por pessoa, mas pode ter sofrido alteração. Há quem reclame, mas não entende que a preservação da casa tem custo. Ah, sim, eles não aceitam nenhum tipo de cartão, então leve dinheiro vivo.
Também tive a oportunidade de voltar ao Castelinho em um dia nublado e chuvoso. Engraçado como o mesmo lugar por lhe causar impressões diferentes. Desta vez, aquela alegria e atmosfera mágica deu lugar a uma sensação de melancolia, introspecção, quietude e reflexão.
E não, nada disso é ruim ou pejorativo, mas uma outra perspectiva de um mesmo lugar. Esteja o céu azul ou cinzento, recomendo vivamente dar um pulo no Castelinho Caracol para um strudel.
E deixo meus agradecimentos à Martina Bethge Corrêa, bisneta do casal Franzen e atual administradora do Castelinho, com quem troquei alguns e-mails e se mostrou sempre muito solícita.
Abaixo você tem mais informações sobre o Castelinho e um vídeo meu perambulando pela casa e degustando o inesquecível strudel (ê saudade!).
Site: www.castelinhocaracol.com.br
Onde: Estrada do Caracol, Km 03, S/Nº – Canela/RS
Horário: Aberto dos os dias das 9h às 13h e das 14h20 às 17h40
Ingressos: R$ 16,00 por pessoa (pode ter sofrido alteração)
Empresário, palestrante e escritor, Emílio Calil é especialista em turismo e cultura da Serra Gaúcha. Desde 2013 mantém o blog Dicas da Serra Gaúcha, onde compartilha roteiros, experiências e curiosidades de Gramado, Canela e arredores. Apreciador de boa gastronomia, bons vinhos e boa conversa, escreve como quem vive — e ama — cada detalhe das montanhas gaúchas.
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Só gostaria de agradecer pelo seu texto belíssimo, esse lugar é realmente encantador!
Excelente! Foi maravilhoso ler esse blog antes de ir à Gramado em lua de mel.
Estou contando os dias para chegar Setembro.
Parabéns!
ADOREI O POST. ESTOU FAZENDO MEU ROTEIRO DE PASSEIO E COM CERTEZA O CASTELINHO CARACOL JÁ ESTÁ ADICIONADO A MINHA LISTA.
Incrível como você escolhe as palavras certas para descrever esse pedacinho de Paraíso que é a Serra Gaúcha. Enche o coração de admiração por essas pessoas que valorizam o que realmente vale a pena na vida: os pequenos detalhes e as criações de Jeová. Sonhava em conhecer Gramado e quando realizei o desejo em 2017, foi melhor do que eu imaginava. Logo estarei de volta e aproveitarei melhor com suas dicas. Parabéns pelo trabalho e sensibilidade.