Serra Gaúcha em dezembro é aquele encontro improvável entre verão e montanha. O ar tem cheiro de chuva recente, os pinheiros e araucárias desenham sombras no fim da tarde e as cidades brilham mais do que vitrine de shopping em véspera de Natal.
Não é só Gramado. É um mosaico de vales, cânions, parreirais e jardins que ganham outra textura quando o ano se despede.
Índice
Se você quer entender rápido como é a Serra Gaúcha em dezembro, pense em dias quentes, noites agradáveis e cidade em modo festa. Serra Gaúcha em dezembro significa:
Para um roteiro de 5 dias, o ideal é usar Gramado/Canela como base e encaixar Nova Petrópolis e Bento como bate-voltas. Cambará do Sul entra melhor em uma viagem de 6 ou 7 dias.
Dezembro é oficialmente verão no calendário, mas a Serra Gaúcha insiste em manter um certo pudor tropical. De dia, o sol esquenta, a luz estoura nas fachadas enxaimel, o sorvete derrete rápido na casquinha. À noite, a temperatura cai o suficiente para justificar um casaco leve e um chocolate quente sem culpa.
A climatologia mostra isso com frieza matemática: em dezembro, Gramado costuma registrar mínimas perto de 17°C e máximas em torno de 26°C, com média histórica de chuva na casa dos 190 mm. A região, como um todo, vive dois extremos bem demarcados: verões de céu aberto e calor considerável, invernos de temperaturas baixas, às vezes com geada e até neve em cidades como Gramado, Canela e São Francisco de Paula.
Em dezembro, a Serra chega a oscilar entre 15°C e 34°C ao longo do dia, especialmente em Gramado e Canela, com aquela combinação clássica de sol forte, pancadas de chuva rápidas no fim da tarde e umidade alta. É verão, mas com modos.
Enquanto isso, Cambará do Sul mantém sua própria lógica de planalto. Em dezembro, as máximas giram em torno de 24–25 °C, mínimas na casa dos 15–16 °C e chuva média próxima de 167 mm, com o maior número de horas diárias de sol no ano. É o tipo de lugar em que você põe camiseta, leva corta-vento, guarda um gorro na mochila e agradece por todas as opções.
Antes de sair explorando destinos na Serra Gaúcha além de Gramado, é honesto admitir: dezembro é, sim, o mês em que a dupla Gramado–Canela domina a cena. E faz isso com certa elegância.
Quem já caminhou pela Borges de Medeiros em dezembro sabe: o Natal Luz não é só um evento, é uma mudança de atmosfera. O 40º Natal Luz ocupa a cidade de 23 de outubro a 18 de janeiro, com mais de 300 atrações artísticas e 167 shows gratuitos distribuídos entre Rua Coberta, Vila de Natal e outros pontos públicos.
Espetáculos como Nativitaten, no lago, e o Grande Desfile de Natal, na Avenida das Hortênsias, ajudam a explicar por que dezembro é o auge da temporada. A cidade vive um roteiro próprio: acendimento das luzes ao anoitecer, música na Rua Coberta, fila nos restaurantes, crianças hipnotizadas pela Casa do Papai Noel.
Se você quiser se aprofundar nisso, vale ler meu artigo sobre o Natal Luz de Gramado em dezembro, onde destrincho programação, ingressos e bastidores da festa.
Canela entra como contraponto. Enquanto Gramado explodiu em shows e luzes, Canela ainda guarda certos prazeres simples: a vista da Catedral de Pedra iluminada, o rapel do Papai Noel descendo a torre em algumas noites do Sonho de Natal, a Cascata do Caracol rugindo lá embaixo, lembrando que, por trás da decoração, ainda existe serra.
Esse contraste funciona bem em dezembro: você passa uma noite imerso em espetáculo em Gramado, outra caminhando em Canela em clima de interior, com jeitão de cidade que cresceu, mas ainda reconhece o próprio reflexo no espelho.
Quem conhece a Serra sabe que dezembro tem um aroma específico. Uma mistura de pinheiro seco, chuva morna e açúcar queimado das carretas de churros na Borges. Já cheguei a ver neblina baixa cobrindo a cidade no começo da noite, e, duas horas depois, céu aberto e estrelas visíveis de cima do Lago Negro.
Essa instabilidade não é defeito, é charme climático. Você aprende com o tempo que o casaco leve pendurado no braço é tão importante quanto a garrafa de água na mochila. E que a capa de chuva transparente virou quase acessório de moda no meio do Natal Luz.
Se a sua dúvida é dinheiro, adianto: dezembro é alta temporada, os valores sobem, especialmente perto do Natal e do Réveillon. Em vez de chutar números, prefiro te encaminhar para o artigo específico sobre quanto custa viajar para Gramado em dezembro, sempre atualizado com faixas de preço realistas.
Seria injusto falar da Serra Gaúcha em dezembro e fingir que o mapa acaba na fronteira de Gramado e Canela. Quando o Natal Luz acende, outras cidades acendem junto, cada uma com seu idioma de verão.
Nova Petrópolis sempre me pareceu um parágrafo em letra cursiva no meio de um texto em caixa alta. Fica a cerca de 35 km de Gramado, pela mesma estrada que leva a Caxias do Sul. “Jardim da Serra Gaúcha“, dizem as propagandas. E, confesso, as propagandas não exageram.
Em dezembro, os jardins ficam mais verdes, os canteiros caprichados na Praça das Flores ganham sombra generosa, e o Labirinto Verde vira quase metáfora da vida: você entra, se perde um pouco, ri de si mesmo, encontra a saída, recomeça.
Já passei tardes inteiras caminhando entre os plátanos, observando o desenho dos bancos, os detalhes das fachadas enxaimel, o movimento lento das famílias que se reúnem para um sorvete ou um café colonial. Meu relato de um desses dias está em Uma tarde de passeios em Nova Petrópolis.
Se a tarde esquenta demais, a solução pode vir em forma líquida: a Cervejaria Edelbrau tornou-se referência regional em cervejas artesanais, com rótulos que fazem boa dupla com o calor moderado de dezembro.
À noite, quando a fome chega, a Noite Alemã reúne comida farta, música típica e danças que lembram que boa parte dessa serra foi erguida a partir de sotaque alemão, insistência e calos nas mãos.
Se Gramado veste luzes de Natal, Bento Gonçalves veste parreiral. A cidade é reconhecida oficialmente como capital do vinho e referência nacional em enoturismo.
Dezembro é aquele momento limiar. A vindima ainda não começou oficialmente — ela costuma acontecer entre janeiro e março, com colheita, pisa das uvas e roteiros especiais. Mas os vinhedos já estão carregados, o verde é intenso, o ar tem uma doçura leve que antecipa a festa.
A região Uva e Vinho usa o verão para sediar eventos culturais, feiras de tecnologia ligadas à viticultura e programação especial de Natal, como o Natal Bento, com atividades espalhadas pelas rotas turísticas e pela área urbana.
Em Bento e arredores, gosto de três experiências:
Em dezembro, o calor pede roupas leves, chapéu, protetor solar. Mas não se engane: dentro das caves, a temperatura cai, o cheiro de madeira e vinho toma conta e o tempo muda de escala.
Cambará do Sul é o lado mais selvagem da Serra. Em vez de fachadas enxaimel, paredões de basalto. Em vez de chocolate quente, vento úmido na face quando você se aproxima da borda do Cânion Itaimbezinho.
Dezembro traz um clima agradável e úmido: máximas em torno de 24°C, mínimas por volta de 15°C e chuva média de 167 mm, com o maior número de horas de sol no ano. É a combinação perfeita para trilhas: nem frio de cortar, nem calor sufocante, mas com boas chances de garoa ou chuva curta.
Os parques Aparados da Serra e Serra Geral operam, em geral, das 8h às 17h, com fechamento em algumas segundas ou terças, dependendo do cânion e da política vigente. Trilhas como a do Vértice e do Cotovelo, no Itaimbezinho, ou as do Fortaleza, exigem tênis adequado, roupas leves, corta-vento, água, lanche e respeito absoluto às orientações dos guias.
Em dezembro, prefira começar as trilhas cedo, por duas razões simples: o sol ainda não está no auge, e as nuvens de fim de tarde podem roubar uma vista que, em céu aberto, rivaliza com qualquer quadro impressionista.
Quando alguém me pergunta como montar um roteiro da Serra Gaúcha em dezembro para 5 dias , costumo responder com franqueza: dá para ver muita coisa, mas é preciso escolher prioridades. Em 5 dias, não faz sentido abraçar todos os cânions, todos os vales e todas as cidades num único fôlego.
A estratégia que mais funciona é ter Gramado/Canela como base principal e encaixar Nova Petrópolis e Bento Gonçalves em bate-voltas bem planejados. Cambará do Sul entra melhor numa viagem de 6 ou 7 dias, ou como extensão final para quem quer fechar o ano literalmente na borda do abismo.
Uma sugestão possível:
Chegada em Porto Alegre ou Caxias do Sul, deslocamento até Gramado. O trajeto leva em torno de 2h30 a 3h saindo de Porto Alegre, dependendo do trânsito e do horário.
Deixe o check-in resolver a parte burocrática enquanto você resolve a parte sensorial: caminhe pela Borges de Medeiros, observe as vitrines, repare na iluminação natalina, sinta o clima de “cidade-filme” se instalando.
À noite, encaixe um espetáculo do Natal Luz ou, pelo menos, o Show de Acendimento das Luzes, gratuito, que costuma acontecer na Av. das Hortênsias.
Dia para explorar a cidade com calma. Manhã no Lago Negro, com pedalinho ou apenas caminhada sob as araucárias. Tarde para visitar parques como Le Jardin ou Olivas de Gramado, ou seguir as sugestões do artigo o que fazer em Gramado.
Dezembro pede protetor solar, boné e garrafa de água. O calor bate, mesmo na serra. Mas a brisa que vem dos vales suaviza o dia e faz qualquer sombra ganhar valor de camarote.
À noite, escolha um restaurante com vista para a rua iluminada. Deixe o tempo passar. De certo modo, é isso que você foi buscar ali.
Terceiro dia dedicado a Canela. Comece pela Catedral de Pedra ainda de manhã, quando a luz bate nas paredes de pedra e as fotos saem mais bonitas. Se a temporada do Sonho de Natal estiver rolando, há boa chance de encontrar programação temática na praça.
Depois, siga para o Parque do Caracol, observe a cascata de cima, desça (se o joelho permitir) a tradicional escadaria, sinta a força da água esmagando o barulho interno.
No fim da tarde, vale conferir a agenda local: alguns anos trazem a descida do Papai Noel de rapel na Catedral, outras atrações de Natal, sempre com horários específicos divulgados pela prefeitura e pelo evento oficial do Sonho de Natal.
Quarto dia dedicado a uma das cidades próximas a Gramado para conhecer em dezembro sem correria: Nova Petrópolis.
Reserve a manhã para a Praça das Flores e o Labirinto Verde, com paradas em cafés e lojas de malhas. Se o dia estiver quente, a sombra das árvores vai agradecer sua decisão. À tarde, encaixe a visita à Edelbrau para degustação de cervejas artesanais e, se for o seu estilo, programe uma Noite Alemã para fechar o dia.
Para encerrar o roteiro Serra Gaúcha 5 dias em dezembro, Bento entra como capítulo final. Saia cedo de Gramado, chegue pelos vales e permita-se ter um dia mais lento.
Uma vinícola pela manhã, um almoço demorado com vista para o parreiral, outra experiência de tarde (visita guiada, degustação, passeio de Maria Fumaça). Meu texto sobre o Tour Uva e Vinho e Maria Fumaça ajuda a escolher o formato mais prático para encaixar tudo em um único dia.
Se for esticar a viagem, aí sim vale considerar um pernoite em Bento ou seguir mais adiante rumo a Cambará do Sul. Mas, com 5 dias, esse roteiro já entrega um panorama honesto da Serra Gaúcha em dezembro, sem transformar férias em maratona.
Planejar Serra Gaúcha em dezembro é, antes de mais nada, um exercício de logística inteligente. Aeroportos principais: Porto Alegre (POA) e Caxias do Sul (CXJ). Porto Alegre tem mais voos e, normalmente, melhores tarifas; Caxias oferece menor deslocamento até Gramado, mas com menos opções.
Do aeroporto até Gramado/Canela, você pode:
Para Nova Petrópolis e Bento Gonçalves, a combinação carro + passeios contratados costuma ser a mais flexível. Para Cambará do Sul, o carro facilita muito, mas há também excursões saindo de Gramado e Canela que incluem transporte, guia e paradas em pontos estratégicos.
Sobre tempo mínimo, minha visão sincera:
Quem olha só o mapa vê “verão” e pensa em shorts e regata. Quem já esteve na região em dezembro leva uma mala um pouco mais sofisticada.
Um checklist honesto:
Para quem pensa em unir viagem de família com adolescentes, vale ler também o artigo sobre viajar com adolescentes para a Serra Gaúcha, que traz soluções práticas para evitar conflitos geracionais no meio da programação.
Antes de fechar o roteiro, quase sempre surgem as mesmas dúvidas. Vamos direto ao ponto.
Chove bastante, mas não o tempo inteiro. Em Gramado, dezembro costuma registrar cerca de 190 mm de chuva, com pancadas concentradas em fins de tarde e momentos de instabilidade ao longo do dia. Na prática, isso significa: planeje o dia com alternativas indoor (museus, cafés, lojas, restaurantes), leve capa de chuva e aceite que uma garoa no meio da tarde pode se transformar em cenário fotogênico, especialmente nos parques e lagos.
Depende do seu padrão de “frio”. Para quem vem de capitais quentes, dormir com 17–18 °C já é um alívio. Em Gramado e Canela, noites podem pedir um casaco leve, especialmente em dias nublados ou após chuva. Em Cambará do Sul, as mínimas em dezembro rondam os 15 °C, às vezes menos, com muita umidade. Um corta-vento ou fleece fino faz diferença na borda dos cânions.
Sim, se o seu objetivo não é apenas assistir aos grandes espetáculos de Natal.
Nova Petrópolis oferece jardins, gastronomia alemã e clima de cidade pequena que respira devagar.
Bento Gonçalves entrega vales, vinícolas e eventos ligados ao vinho, especialmente na região Uva e Vinho, que segue aquecida no verão.
Cambará do Sul, por sua vez, mostra um outro rosto da Serra, com trilhas, cânions e paisagens de filme.
Se nunca veio, eu manteria pelo menos dois dias cheios em Gramado/Canela e encaixaria uma cidade extra. Na segunda viagem, você inverte: foca em Bento, Cambará e Nova Petrópolis, usando Gramado quase como base logística.
Use Gramado como base, como descrevi mais acima:
Dia 1–2 para Gramado.
Dia 3 para Canela.
Dia 4 para Nova Petrópolis.
Dia 5 para Bento Gonçalves.
Cambará do Sul merece pelo menos um dia exclusivo só para os cânions, mais o deslocamento. Idealmente, encaixe essa região em uma viagem de 6 ou 7 dias, ou foque nela em outro momento, fora da alta temporada de Natal, se quiser trilhas mais vazias.
Talvez essa seja a melhor imagem para fechar: uma taça de espumante em Bento ao fim da tarde, as luzes de Gramado acendendo alguns quilômetros adiante, a neblina de Cambará do Sul esperando paciente em outro dia da semana.
Serra Gaúcha em dezembro não é só um recorte de calendário. É um jeito de encerrar o ano em relevo. De trocar o barulho dos rojões de fim de ano pelo som da água caindo na Cascata do Caracol, das vozes na Rua Coberta, dos cantos de coral no centro de Gramado.
Quem vem pela primeira vez costuma voltar. Quem volta começa a explorar destinos na serra gaúcha além de Gramado, cria intimidade com Nova Petrópolis, descobre seus vinhos preferidos em Bento, ganha respeito pelos ventos de Cambará. E, sem perceber, transforma “Serra Gaúcha em dezembro” em hábito, quase um rito particular de passagem entre um ano e outro.
Empresário, palestrante e escritor, Emílio Calil é especialista em turismo e cultura da Serra Gaúcha. Desde 2013 mantém o blog Dicas da Serra Gaúcha, onde compartilha roteiros, experiências e curiosidades de Gramado, Canela e arredores. Apreciador de boa gastronomia, bons vinhos e boa conversa, escreve como quem vive — e ama — cada detalhe das montanhas gaúchas.
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